Diego Souza fez o gol da virada, Juninho comandou as ações no meio-campo e Dedé teve mais uma atuação soberba, anulando os atacantes adversários sem cometer uma falta sequer durante todo o jogo contra o Flamengo. Mas quero pedir licença a você para falar de outro personagem deste Vasco finalista da Taça Guanabara. Um personagem igualmente importante na trajetória da equipe, mas que não é tão festejado. Só é lembrado pela torcida quando comete algum erro e o resultado não é o esperado.
Sem a vaidade e a afeição por holofotes, muito comuns a alguns colegas de profissão, sem a pretensão de aparecer mais do que seus jogadores, sem o velho e surrado discurso do 'eu ganhei, nós empatamos, eles perderam', sem recorrer àqueles espetáculos circenses que costumamos ver à beira do campo, o técnico Cristovão Borges venceu a fase de desconfiança e vai se firmando como um técnico promissor. Um dos melhores da nova geração de treinadores do futebol brasileiro. Assumiu o time nummomento delicado, mostrou maturidade e, aos poucos, conquistou o respeito e a confiança do elenco e da diretoria.
Não costuma falar mais do que o necessário e tem mostrado firmeza em suas decisões, mesmo quando precisa deixar algum medalhão no banco de reservas, como fez com Felipe no jogo de quarta-feira. É claro que, como qualquer profissional, comete erros. Mas até nesses momentos se diferencia da maioria, expondo com clareza o que pretendia e o que não conseguiu fazer funcionar. Nestes primeiros seis meses de trabalho, o balanço é altamente favorável.
Cristovão soube manter a unidade da equipe mesmo em situações complicadas, como o protesto pacífico dos jogadores, que, por conta própria, aboliram a concentração enquantoos salários estavam atrasados. Apoiou a decisão e reafirmou a sua confiança no elenco, com a habilidade necessária para evitar um confronto com a diretoria.
O Vasco pode até não ser o campeão da Taça Guanabara, mas foi a equipe mais consistente deste primeiro turno. Isso pode ser atribuído, é claro, a um elenco de qualidade e comprometido, mas também à competência de um técnico que começou como interino, continua como interino, mas com a humildade e a sabedoria dos grandes profissionais.
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