Estrategicamente escalado para dar entrevista coletiva nesta quinta-feira por ser um dos mais experientes da equipe, o meia Felipe falou sobre o atraso de sálarios no Vasco e a pressão que o time estaria colocando sobre a diretoria. Mesmo no seu estilo calmo, o meia não deixou de criticar a postura do vice de finanças, Nelson Rocha, que deu entrevista ao diário "Lance!" dizendo que o 13º havia sido pago.
- Os salários atrasados não são novidade para ninguém. Desde que eu voltei que essa situação existe. Incomoda porque todo trabalhador quer receber em dia. Mas a gente entende a diretoria que tem que entender os jogadores. O que é estranho é o vice de finanças dizer que pagou o 13º se não pagou. Vamos ser transparentes entre nós e com vocês da imprensa.
O diretor executivo Daniel Freitas também classificou como equivocada a declaração do vice de finanças Nelson Rocha, mas, segundo ele, o atraso no pagamento também tem a ver com problemas anteriores à atual administração.
- Realmente a expectativa era de que o 13º fosse pago ontem (quarta), mas podem surgir questões judiciais de última hora que prejudicam a situação financeira. Além disso, o Vasco deixou de ter dois patrocinadores no início do ano, o que dificulta o fluxo de caixa. Agora, nossa expectativa é que até amanhã (sexta) pelo menos parte dos pagamentos seja feita. Isso é o que a diretoria tem me passado - afirmou.
Felipe diz que além do 13º o clube ainda deve o mês de dezembro e três meses de direito de imagem para alguns e quatro para outros (os direitos de imagem correspondem a uma fatia grande do vencimento dos jogadores). O meia diz que a preocupação maior fica por conta dos mais jovens, que não têm reserva para se manter.
- Quem está começando agora quer se planejar, comprar sua casa, o seu carrinho. A preocupação maior é com esses jogadores. Todo trabalhador tem o direito de receber o seu salário. Mas, infelizmente, o futebol brasileiro é assim. Quando eu aceitei voltar já sabia que era assim. Por isso que fiquei cinco anos no Qatar e juntei uma reserva.
Sem corpo mole
Em meio à polêmica, Felipe fez questão de deixar claro que os atrasos de salário não vão influenciar no rendimento dentro de campo. O jogador diz que o time tem se empenhado nos treinos como se nada tivesse acontecido.
- Uma coisa que tem que ser lembrada é que o time foi campeão da Copa do Brasil com os salários atrasados. Não tem corpo mole, apesar da situação incômoda. A dedicação nos jogos e nos treinos é igual. Se a gente vier a perder algum jogo vai ser por conta do futebol e não por falta de dedicação.
Sobre um possível boicote à concentração antes do jogo deste domingo, contra o Duque de Caxias, Felipe despistou. O jogador não disse se o time realmente se prepara para pressionar desta forma a diretoria.
- A gente tem que resolver essa situação internamente. Eu, Juninho, Alecsandro e Diego vamos conversar com a presidência para resolver isso. É um assunto complicado que tem que ser resolvido dentro do clube.
Assim, como Felipe, Daniel Freitas disse que a ameaça de os jogadores não concentrarem será resolvida internamente. No entanto, disse acreditar que a questão será solucionada sem conflitos.
- Está tudo sendo resolvido, mas acredito que a programação será mantida sem alteração. Em toda relação com pendências há desgaste, mas o importante é que nada disso vem comprometendo o trabalho feito em campo - destacou.
O Vasco se prepara para encarar o Duque de Caxias, neste domingo, no estádio Moacyrzão, em Macaé. O jogo é válido pela segunda rodada da Taça Guanabara e tem início às 17h (horário de Brasília).
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