Eliminado do Carioca e da Libertadores, Fla ganhou um mês de férias forçadas.
O Flamengo completou nesta quarta-feira dez dias da eliminação do Campeonato Carioca, que fez o elenco entrar praticamente de férias por um mês. O próximo jogo oficial acontecerá apenas em 20 de maio, data da estreia no Campeonato Brasileiro, contra o Sport, na Ilha do Retiro, em Recife (PE). Ao longo desse período, quando muito se esperava em termos de transformações, pouco foi feito - o que começa a preocupar jogadores e principalmente torcedores.
A principal expectativa girava em torno do anúncio de um diretor de futebol, que pudesse "tomar conta do elenco", fazendo a ligação entre os jogadores e a presidente Patrícia Amorim. Nomes como os ex-jogadores Fábio Luciano e Zinho estavam cotados, mas nenhum anúncio foi feito. Dessa maneira, os atletas são obrigados a procurar a própria dirigente quando têm algo importante para ser resolvido.
"Logicamente sentimos falta de um diretor, pois acabamos tendo que passar as coisas diretamente para a presidente. Mas ela sabe dessa necessidade", afirmou Deivid, que tem inclusive passado mensagens de SMS para Patrícia Amorim a fim de comunicar problemas de rotina do clube. O vice-presidente de futebol Paulo César Coutinho não tem sido visto no Ninho do Urubu.
Sem um homem forte no comando do futebol, as indefinições no elenco também continuam. Nesses dez dias apenas o zagueiro Gustavo, cedido ao Atlético-GO, e o atacante Itamar, que foi liberado para procurar outro clube, integraram uma espécie de "lista de dispensas" após a derrota de 3 a 2 para o Vasco. A redução do plantel para permitir contratações que possam manter a folha salarial em um patamar aceitável para a realidade rubro-negra não aconteceu.
Sobre reforços, por sinal, tirando o lateral direito Wellington, contratado após se destacar pelo Resende no Campeonato Carioca, nenhum nome foi anunciado. Fala-se em Ibson, do Santos, e Renato Augusto, atualmente no futebol europeu, mas nenhum deles deverá ser anunciado oficialmente nos próximos dias.
Até mesmo quem está no elenco e nos planos sofre. Com quatro meses de salários atrasados, o meia Ronaldinho continua treinando, mas seu irmão e procurador, Assis, se irritou com a falta de soluções e com a informação que saiu na imprensa condicionando o pagamento a um patrocínio master. Deu declarações reclamando publicamente da diretoria, que foi obrigada a recuar.
O abandono ao elenco não é apenas por parte da diretoria. O técnico Joel Santana não aparece para comandar uma atividade desde antes da eliminação. Ele tem ido ao Ninho do Urubu, mas fica dentro de sua sala analisando vídeos de jogos do time. Os treinos são comandados pelos auxiliares Maurício Albuquerque e o Marcelo Salles, algo até encarado com naturalidade entre os atletas.
"O Joel Santana ainda não conversou conosco, mas acredito que ainda vai fazer isso. Tenho certeza de que ele está assistindo aos vídeos e procurando fazer o melhor para o Flamengo. Além disso, na Europa é muito comum que os auxiliares comandem boa parte dos treinamentos. No Brasil é que eu ainda não tinha visto isso", afirmou Deivid.
Sem dirigentes atuando, o clube também não consegue marcar amistosos para dar ritmo de jogo ao elenco. Muito se falou em propostas do futebol chinês e dos Estados Unidos para receberem o Flamengo. A cota pedida pelo clube é de R$ 1 milhão. Mas as tais propostas jamais chegaram e nem mesmo partidas dentro do Brasil estão sendo conseguidas. Cenário que deixa os torcedores temerosos em relação ao risco de o desempenho no Campeonato Brasileiro ser tão decepcionante como foi na Copa Libertadores e no Estadual.
Nesta manhã de quarta-feira os jogadores, novamente sob o comando dos auxiliares de Joel Santana, que permaneceu recluso em sua sala. Ronaldinho Gaúcho participou normalmente da atividade com os demais companheiros. Nesta quinta-feira, assim como na sexta-feira e no sábado, o plantel vai treinar pela manhã. O domingo será de folga na Gávea.
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