O dono do trono mudou. Hernane se levanta, e Fred pode sentar. No novo Maracanã, agora, quem entra no tapete vermelho é o atacante do Fluminense. Na vitória por 3 a 1 sobre o Botafogo, no domingo, o camisa 9 marcou o terceiro do time e chegou a 21 gols no estádio após a reforma para a Copa do Mundo. É o melhor desempenho de um atacante desde que o palco foi reaberto, em 2013. Fred superou Hernane, ex-Flamengo, que tem 20.
Em São Paulo à espera de uma definição sobre seu novo clube, o Brocador acompanhou o feito do capitão tricolor. O ex-camisa 9 do Rubro-Negro reconheceu que ficou na expectativa pela manutenção da marca, com aquela torcidinha contra, mas sabia que seria difícil segurar Fred.
– Imaginei que a qualquer momento ele passaria, ele ainda está em atividade, eu acabei de retornar ao Brasil. Mas é uma torcida, não digo negativa, mas que você fica se perguntando: será que ele vai fazer o gol? Não vai fazer? Acabou fazendo, mas fico feliz. É um jogador de Seleção, merece, teve um momento não muito bom na Copa do Mundo, mas está dando a volta por cima. A qualquer momento poderia superar minha marca no Maracanã. O lado positivo é saber que fiz menos jogos e estou um gol atrás do Fred, que já fez muito mais jogos depois que saí do Maracanã. Fred tem mais jogos, passou um gol. Eu, por estar há oito, nove meses sem jogar no Maracanã, estou um gol atrás. Meus números no novo Maracanã são positivos ainda – disse Hernane.
Apesar de ter ficado para trás, Hernane tem números melhores que os de Fred no novo Maracanã. São 20 gols em 28 partidas, média de 0,7 por jogo. Fred precisou de 34 jogos para fazer 21. A média é de 0,6.
O empresário do Brocador, Paulo Pitombeira, tem propostas de Santos e Grêmio pelo jogador. E a tendência é que ele fique no Brasil. Mas há também a possibilidade de voltar a jogar no exterior. O atacante conseguiu sua liberação do Al Nassr, da Arábia Saudita, por meio de ação na Fifa em razão de três meses de salários atrasados e desembarcou no Brasil há duas semanas. Os jogos no Maracanã podem voltar à rotina. Pior para Fred.
– Sem dúvida. Estou na reta final, conversei com meu empresário, a qualquer momento posso voltar aos gramados, se possível no Maracanã, e quero retomar minha artilharia. Fazer gol no Maracanã é diferente de qualquer outro estádio. Eu não sei explicar o que é, mas é uma sensação diferente. Quando você entra no Maracanã, com torcida apoiando, aquilo faz você correr um pouco mais. E por saber que está jogando no Maracanã, um palco de Copa do Mundo, você entra com pensamento positivo, esperando a qualquer momento balançar a rede para ouvir o grito da torcida. O Maracanã foi e sempre será diferente de outros estádios.
Apesar da identificação com o Flamengo, Hernane não negociou o retorno ao Rubro-Negro. A diretoria colocou o nome sobre a mesa para análise, mas não iniciou conversas. O destino será outro.
– Conversei com minha esposa, com meu empresário, sabendo que no momento que voltasse ao Brasil o Flamengo poderia ter feito muitas outras contratações, poderia voltar para outro clube. Sou profissional, tenho que defender o clube que me contratar com trabalho e profissionalismo. Não sei se será possível o Flamengo, não. Deixei com meu empresário. Mas independentemente do clube, vou defender a próxima camisa do mesmo jeito que defendi a do Flamengo.
Sem jogar desde 23 de dezembro do ano passado, Hernane tem mantido a forma com exercícios. E tenta controlar a saudade de “brocar”. E é bom que Fred aumente a vantagem, porque a fome é grande.
– O primeiro gol na minha volta ao Brasil vai ser especial, estou há algum tempo sem jogar, futebol é o que mais gosto de fazer. Fico feliz em estar em campo, fazendo gols. Quando entrar no Maracanã, vou pensar nesses números e se possível tentar passar o Fred novamente.
Hernane se destacou no Campeonato Brasileiro e no título da Copa do Brasil de 2013 e ganhou o carinho da torcida do Flamengo. De meados de 2012 a meados de 2014, ele disputou 87 jogos e marcou 45 gols no Rubro-Negro. O atacante se encontra livre para negociar com qualquer equipe.
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