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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Em 18 meses, Seedorf contribui para futebol brasileiro evoluir anos



Terminou a aventura de Seedorf pelo futebol brasileiro. Que de "aventura" não teve nada. Houve sim muito profissionalismo. Contrariando a suspeita inicial de que o holandês viria ao Brasil para curtir o Rio de Janeiro na condição de um "ex-jogador em atividade", o que vimos foi uma pessoa que esteve aqui de corpo e alma. Um homem que queria, de verdade, fazer a diferença, provar que poderia vencer o desafio em outro continente. E disposto a ajudar não só o Botafogo, mas também todo o futebol brasileiro, que ganhou elementos para evoluir alguns anos usando essa experiência de 18 meses.

Ao longo desse tempo, Seedorf se "intrometeu" em várias questões em que não precisava, considerando que era uma "aventura". Falou sobre a "máquina de moer técnicos" vigente no país (ao vivo, no programa Jogando em Casa, do Esporte Interativo), disse não entender como se entrava em campo por aqui sem fazer uma pré-temporada decente e apoiou o Bom Senso FC, uma demanda que, por questões lógicas de tempo, não o atingiria enquanto jogador.
Seedorf criticou a "mania" dos jornalistas brasileiros em fazer duas ou três perguntas em uma, dificultando a resposta do entrevistado (cornetou inclusive este blogueiro, ao vivo, por isso), teve a audácia de escancarar que muitos jornalistas brasileiros não enxergam futebol, ao falar que é um absurdo querer comparar a (falta de) movimentação de Ganso a Zidane e Pirlo, também ao vivo, no Bem Amigos e deixou claro que no Brasil se valoriza o jogador que corre errado, em vez de atleta que ocupa o espaço corretamente.
O holandês teve coragem de cobrar da torcida do Botafogo mais presença no estádio, uma vez que o time brigou desde o início por uma vaga na Libertadores da América. Ousou, com isso, de forma indireta, questionar se o Brasil é mesmo o país do futebol, já que um dos principais clubes do país não conseguia colocar dez mil torcedores do estádio. Poucos perceberam. Sem dúvida, atitudes de quem não está no futebol brasileiro apenas para passar o tempo e ganhar (um bom) troco.
Seedorf vai embora assumir o comando técnico do Milan, para iniciar uma nova jornada, deixando para trás um título estadual, uma Bola de Prata e uma classificação para a Libertadores, algo que o Botafogo não alcançava havia 17 anos. Muito mais importante do isso, Seedorf resgatou o orgulho do botafoguense. Deu ao torcedor a prova de que o clube tem condição de realizar um projeto bem feito, a ponto de atrair uma estrela mundial do futebol, que há anos era especulado, de forma jocosa, em clubes como Flamengo e Corinthians.
Junto com isso, Seedorf deu ao Botafogo a condição de ser respeitado novamente, visibilidade nacional e internacional, força para disputar títulos e a confiança para lançar garotos de sua recuperada divisão de base. Como o presidente do clube, Maurício Assumpção falou na despedida, entrar no time tendo uma referência como Seedorf facilitou muito as coisas para os jovens alvinegros.
Na despedida, gostei muito da forma como a direção do Botafogo se portou. A liberação para uma aposentadoria estava prevista em contrato, não tinha o que fazer. Assim, o clube se portou de forma a valorizar o ídolo que ganhou em vez de atacá-lo por ir embora a 15 dias da estreia da Libertadores (sem dúvida alguma, um baque grande). Mas era o correto a se fazer, para não soar como ingrato.
E assim terminam os 18 meses de Seedorf no Brasil, um desafio que na cabeça dele, um dos atletas mais vitoriosos do futebol em todos os tempos, faltava. Não falta mais. Se os homens que dirigem o futebol brasileiro forem minimamentes inteligentes, farão essa passagem durar por muitos anos.

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