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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Efervescência política e disputa pelo poder da CBF respingam na Seleção Brasileira



Nesta quinta-feira, José Maria Marin, mandatário da Confedereção Brasileira de Futebol, tratou de dar fim à ópera bufa que ele próprio e seu comparsa – ou braço direito, como o freguês preferir – Marco Polo Del Nero, vice-presidente da CBF, iniciaram na sexta-feira da última semana. Ao anunciar Luiz Felipe Scolari como novo técnico da Seleção Brasileira e Carlos Alberto Parreira como coordenador técnico, o presidente sepultou de vez a estrutura de poder deixada pelo seu antecessor no cargo, Ricardo Teixeira.
O primeiro ato foi defenestrar Mano Menezes do posto de técnico da Seleção, imediatamente esvaziando o poder de Andrés Sanchez, agora ex-diretor de seleções da entidade que comanda o futebol brasileiro. Sanchez só foi informado da demissão de Mano quando a decisão já estava tomada por Marin e Del Nero. A causa de tudo isso? As próximas eleições presidenciais da CBF e a disputa entre Sanchez e Del Nero.
Saída de Ricardo Teixeira muda panorama político
Estrategicamente marcadas para abril de 2014, de modo a evitar que um possível fracasso na Copa do Mundo de 2014 influa no pleito, as eleições da CBF começaram a ter o seu cenário desenhado ainda em 2011. Ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez foi quem primeiro apareceu como componente da disputa, principalmente por causa da confiança que Ricardo Teixeira depositou nele.
Já em processo de retirada por causa das muitas denúncias contra a sua gestão, que durou singelos 22 anos, Teixeira alçou Andrés ao posto de diretor de seleções da CBF em dezembro do ano passado, deixando nas entrelinhas quem gostaria de ver como seu sucessor no comando da confederação. Porém, a renúncia de Ricardo Teixeira e o seu exílio – ou seria fuga? – em Boca Ratón, na Flórida, mudaram o panorama político. De acordo com o estatuto da CBF, assumiria a presidência o vice-presidente mais velho. Aos 80 anos, era José Maria Marin quem ocupava esse posto.
Obscuro jogador de futebol nos anos 1950, Marin fez carreira na política filiado à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido criado pela ditadura militar para sustentar o regime. Deputado estadual em São Paulo nos anos 1970, foi um dos principais oradores em favor da ação contra o jornalista Wladimir Herzog, em 1975. Herzog seria morto, torturado, nos porões da ditadura. Marin também chegou a governar o estado de São Paulo por um curto período de 1982, por ser vice de Paulo Maluf, que deixara o cargo para concorrer à Câmara Federal.
Logo em seguida, foi presidente da Federação Paulista de Futebol. Porém, a última aparição de Marin na mídia acontecera em janeiro de 2012, na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Durante a premiação do Corinthians, campeão do torneio, o dirigente embolsou uma medalha de campeão, sendo flagrado por câmeras de tevê. O goleiro do clube paulista acabou ficando sem o prêmio.
Quando assumiu a presidência da CBF, Marin trouxe Marco Polo Del Nero, presidente da Federação Paulista de Futebol, a tiracolo. Del Nero, na teoria, exerce o cargo de vice-presidente da entidade, mas na prática manda tanto quanto José Maria Marin. Aí é que acontece o choque com Andrés Sanchez: Del Nero também quer ser presidente da CBF a partir de 2014. Por isso, começou a esvaziar o poder de Andrés na entidade. Assim que Marin se tornou presidente, foi cogitada a demissão do diretor de seleções, mas nada aconteceu de imediato.
Disputa respinga na Seleção Brasileira
A maneira encontrada pela dupla para atingir Sanchez, então, foi mexer com Mano Menezes. Enquanto corria a temporada da Seleção Brasileira, o presidente da CBF fazia a velha tática do morde e assopra com o técnico. Nos bastidores, a informação de que Felipão era o favorito da dupla para substituir Mano se espalhava, principalmente após a perda da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em julho.
Mesmo assim, o segundo semestre da Seleção Brasileira começava a mostrar que Mano já formava uma base para o time, que irá disputar a Copa das Confederações no ano que vem. Mas isso não foi suficiente para convencer Marin e Del Nero a não demitir o técnico. Mal o calendário de jogos do time canarinho se encerrou, na sexta (23) da semana passada, a cúpula da CBF se reuniu na sede da Federação Paulista de Futebol e apenas comunicou Andrés da decisão. Visivelmente contrariado com a atitude de Del Nero e Marin, Sanchez entregou a sua carta de demissão ontem (dia 28) e já surge como um nome de oposição para a eleição de abril de 2014. Possivelmente, tendo Ronaldo, ex-fenômeno e amigo de Andrés desde que era jogador do Corinthians, a seu lado.
No meio desse fogo cruzado, Luiz Felipe Scolari foi, de fato, anunciado como novo técnico da Seleção e terá a missão de comandar o Brasil na Copa do Mundo de 2014. Sempre lembrado como opção para assumir a Seleção nas últimas trocas de técnico desde 2002, quando levou o Brasil ao pentacampeonato, Felipão havia acabado de assinar com o Palmeiras em 2010, quando Dunga foi demitido pela CBF. O escolhido número um da diretoria da época foi Muricy Ramalho, mas o então técnico do Fluminense recusou o convite. Mano Menezes, então, foi a segunda opção.
Ao mesmo tempo em que Mano desenvolvia seu trabalho à frente do escrete canarinho, Felipão penava com os fracos elencos montados no Palmeiras. Em 2012, parecia que o técnico dera a volta por cima ao vencer a Copa do Brasil com o Alviverde. Porém, a péssima campanha no Campeonato Brasileiro, que culminou com o rebaixamento do Palestra, deixou Scolari livre no mercado antes do fim de seu contrato com o clube paulista, em 2013, e, ironicamente, abriu-lhe as portas para a Seleção.
 

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