Todos que acompanham o futebol sabem que o velho e violento esporte bretão é uma montanha-russa: ora se está por cima, ora se está por baixo. Neste Brasileirão, o clube que talvez melhor sintetize esse sobe-e-desce é o Flamengo. Sempre no meio da tabela, o Rubro-Negro não chegou a entrar na zona de rebaixamento, mas também nunca chegou a beliscar o G-4. Porém, em algum momento da disputa, os torcedores do Fla ou tiveram pesadelos com a zona da degola ou sonharam com um lugar entre os quatro primeiros colocados. Agora, prestes a jogar o clássico contra o Fluminense, pela 27ª rodada, o momento é de afirmação e de definição: para onde vai esse time?
Dorival Júnior parece acertar o time, mas volta à estaca zero
Desde a chegada do técnico Dorival Júnior, na 12ª rodada, o Flamengo já passou por fases distintas. Contratado no mesmo dia em que estreou no comando do Rubro-Negro, o técnico só teve tempo de trabalhar após dois jogos, por causa do adiamento da partida contra o Atlético-MG, válida pela 14ª jornada. Logo em seguida, o Fla engatou uma sequência de três vitórias em quatro jogos e parecia ter encontrado uma formação-base. Com os jovens Negueba e Thomás atuando como ponteiros, Dorival tentou resolver a ausência de um meia criativo e, ao mesmo tempo, proteger as laterais. Durante um período, deu certo. Porém, a partir do empate por 0 a 0 com o Botafogo, no último jogo do primeiro turno, o Rubro-Negro ficou 7 jogos sem vitória.
Tudo o que parecia ter sido construído antes desmoronou. Negueba e Thomás saíram do time e Dorival Júnior passou a testar vários jogadores, sem sucesso. Adryan e Mattheus, duas das maiores jóias produzidas pela divisão de base nos últimos anos, entraram na ciranda, mas tampouco se firmaram. Enquanto isso, o time despencava de um seguro lugar no meio da tabela até às proximidades da zona de rebaixamento. Em determinado momento da 25ª rodada, o Flamengo chegou a ficar a um ponto do Z-4. Na ocasião, o time da Gávea perdia por 1 a 0 para o Grêmio, no Engenhão, e o Sport vencia o Internacional por 2 a 0, em Porto Alegre. Mas a situação não se consolidou: ambos os jogos terminaram empatados. Pelo menos, quem assistiu àquele confronto entre o Rubro-Negro e o Tricolor gaúcho saiu com a certeza de que via uma nítida evolução na organização do Flamengo.
Vitórias contra Atléticos e volta do sonho
Uma das principais diferenças foi a escalação de Léo Moura no meio-campo. Originalmente lateral-direito, Léo foi deslocado para dar maior criatividade ao time. A experiência não pôde ser repetida no jogo seguinte, porque o capitão do Fla foi suspenso. Em contrapartida, durante a semana de trabalho chegou ao clube o meia Cléber Santana, vindo do Avaí. Destaque do clube catarinense na Série B, Cléber já integrou o time titular no seu primeiro treinamento no novo time. Contra o Atlético-GO, o meia já estreou e ajudou o Flamengo a quebrar o jejum de vitórias, marcando um gol e dando cadência e experiência ao meio-campo.
Em seguida, veio o esperado confronto contra o Atlético-MG de Ronaldinho Gaúcho, que deixou o clube da Gávea em litígio judicial, no começo do campeonato. A torcida compareceu ao Engenhão, Léo Moura voltou ao meio-campo e o time fez uma grande atuação. Não dando o menor espaço para os mineiros, o Fla contou com gols de Vágner Love e Liédson, que finalmente parece ter se encontrado, para vencer a partida. Afastado 7 pontos dos 4 últimos e 10 dos 4 primeiros, o Flamengo voltou a sonhar com algo mais no campeonato. Por isso, o Fla x Flu deste domingo é de suma importância para os lados da Gávea: se vencer, o Rubro-Negro dá mais uma demonstração de força e pode embalar para brigar por uma vaga na Libertadores. A tabela ajuda o Fla: ele ainda enfrenta todos os times que estão acima dele, exceto o Internacional. Se perder ou empatar, o Mais Querido pode ser forçado a colocar os pés no chão e se contentar com o meio da tabela. Porém, como diz o antigo samba, sonhar não custa nada...
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