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domingo, 11 de novembro de 2012

Afundado em crise, Vasco implora pelo adeus a 2012

Na reta final de um ano em que tudo parece ter dado errado, o Vasco não tem outra saída senão desejar o mais imediato fim de 2012. Equipe que mais tempo permaneceu no seleto grupo que garante vaga na Libertadores – foram 54 rodadas no G-4 juntando a atual e a anterior edição do Campeonato Brasileiro -, o Cruzmaltino já se vê distante da principal competição sul-americana, contando, neste segundo turno, com uma campanha digna de time rebaixado: quatro vitórias, três empates e oito derrotas. Após o sexto revés consecutivo no último domingo, contra o Sport, pela 34ª rodada, o então técnico Marcelo Oliveira deixou o comando do elenco.
Arrastar um sofrimento alimentado por crise política e financeira pelas quatro partidas que ainda restam no torneio nacional não é o desejo de nenhum jogador, nem torcedor. Porém, encontrar motivos para crer num desfecho favorável, com a recuperação da confiança do grupo, parece ser o mais improvável, tendo em vista o bolo de problemas que cercam o gramado e os corredores do estádio de São Januário. No momento, o vascaíno tem apenas um motivo para pensar em comemorar: os rumores sobre um possível retorno de Ricardo Gomes ao comando da equipe em 2013 ganham força a cada dia, o que só reforça a ansiedade para a virada definitiva do ano.
Denúncias contra Dinamite e salários atrasados evidenciam ambiente tumultuado
O vascaíno mais consciente sobre o que acontece nos bastidores do clube, no entanto, sabe muito bem que não basta mais uma entre as tantas modificações no comando para solucionar a crise vivida há meses. No próximo dia 20, os salários de jogadores, comissão técnica e funcionários do Cruzmaltino completarão dois meses de atraso. A diretoria não tem previsão sobre quando os pagamentos serão efetuados, mas corre atrás do auxílio de conselheiros influentes para, assim como em 2010, tentar solucionar o problema.
O quadro se agravou com a penhora de 100% das receitas de patrocínios e cotas de TV do clube, há três meses. Com dívidas à Fazenda que chegam à cifra de R$ 60 milhões, por conta de impostos não recolhidos ao longo dos anos, a decisão da Justiça foi inevitável, deixando o presidente Roberto Dinamite, cuja administração é frequentemente contestada, numa situação ainda mais constrangedora. Como se não bastassem os problemas financeiros, o mandatário – maior ídolo da história do clube em seus tempos de jogador – é o personagem central de uma crise política interna, que culminou com a saída do ex-vice de futebol, José Hamilton Mandarino, no dia 12 de setembro. Pouco depois, Nelson Rocha e Frederico Lopes, respectivamente os responsáveis pelos departamentos de finanças e de patrimônio, também deixaram seus cargos.
Os relatórios do conselho fiscal apontam uma série de possíveis irregularidades na execução de contratos firmados pelo clube, como, por exemplo, aqueles referentes ao Programa de Sócios e os firmados com a fornecedora de material esportivo. No caso dos atletas, além dos salários, os valores referentes a direito de imagem não são pagos há três meses, e a dívida com alguns chega ao valor de R$ 500 mil. E não parou por aí o drama cruzmaltino em 2012: em setembro, a água de São Januário foi cortada, por conta de uma dívida com a Cedae, empresa responsável pela distribuição no Rio de Janeiro. A associação de todo esse cenário caótico com o desempenho ruim do elenco nos gramados, portanto, é mais do que justificável. Ainda que os jogadores tentem negar a relação entre os problemas externos e a assustadora queda de rendimento, a desmotivação em seus rostos durante treinamentos e partidas é bastante nítida.
Rômulo, Allan, Fágner, Diego Souza: saídas que deram inicio à derrocada
Depois de uma campanha positiva na última Libertadores, quando acabou eliminado pelo Corinthians nas quartas de final, o Vasco retomou o foco no Brasileirão com a postura de quem brigaria até o fim pelas mais elevadas colocações. O destino, porém, foi a desfiguração cada vez maior do elenco, com as negociações de Allan, Rômulo, Fagner e Diego Souza a clubes do exterior. Em sua defesa, Dinamite garante que tentou segurar os jogadores, mas o presidente é um dos mais criticados quando se comenta sobre o assunto, especialmente pela falta de reposição de peças à altura dos atletas que saíram. A venda de Diego Souza ao Al Itthad, da Arábia Saudita, por exemplo, até hoje não resultou em frutos financeiros ao Gigante da Colina.
Mesmo aos trancos e barrancos, o então técnico Cristóvão Borges, que mais tarde deixaria o comando, navegava numa maré relativamente tranquila, sem deixar a equipe largar o G-4. Mas o tempo foi evidenciando a impossibilidade de manter o nível exibido no início. Auremir, Wendel, Jonas e Carlos Alberto estiveram longe de apresentar o mesmo futebol que os quatro negociados. E os problemas da equipe se generalizaram. Artilheiro da equipe na temporada, Alecsandro simplesmente parou de balançar as redes. Com nove gols, o camisa 9 está hoje bem distante do topo da tabela da artilharia, onde Fred, do líder Fluminense, aparece com 17 tentos. Na reta final, o zagueiro Dedé, grande arma do setor defensivo, sofreu uma lesão na perna esquerda e teve uma fratura diagnosticada. Com isso, ficou ausente de partidas importantes e só poderá voltar aos gramados em 2013. 
Assim, sobram motivos para o torcedor vascaíno sonhar com dias melhores. Por enquanto, resta a cada um deles se apegar na história de superação de Ricardo Gomes. Depois de correr risco de vida por conta de um AVC no ano passado, o treinador já garantiu seu retorno e é visto como prioridade pela diretoria cruzmaltina. Pelo que tudo indica, será na figura de Ricardo e na tentativa de solucionar uma crise que está longe de terminar que o Vasco tentará fazer de 2013 um ano melhor.
 

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