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domingo, 14 de outubro de 2012

Sede da próxima Copa do Mundo, Brasil ainda não aprendeu a adequar o seu calendário


Já faz tempo que se fala do afastamento da Seleção Brasileira do povo. Entre os principais motivos, está o grande número de jogos realizados no exterior contra adversários desinteressantes. Ultimamente, mais um fator tem contribuído para essa falta de aproximação: o calendário do futebol brasileiro, que não para nas Datas-FIFA e tem jogos dos clubes nos mesmos dias de jogos do time de Mano Menezes. Assim, o torcedor não comemora mais a convocação de seu craque para a Seleção, mas a lamenta, porque sabe que o jogador irá desfalcar o seu time. Na última lista de convocados para os amistosos contra Iraque e Japão, nove jogadores de clubes brasileiros foram chamados, desfalcando os seus times em três rodadas do Brasileirão.
Não é de hoje que o calendário brasileiro não para, mas sintoma só começou a ser sentido mais recentemente
Mas a culpa seria de Mano Menezes? Não, ele está apenas fazendo a sua obrigação como treinador da Seleção que irá sediar a Copa do Mundo, daqui a dois anos. Se colocássemos a culpa no treinador do escrete canarinho, teríamos também que culpar os responsáveis pelas seleções da Argentina, da Bolívia, do Chile, da Colômbia, do Peru, do Paraguai e do Uruguai. Afinal, todos eles chamaram jogadores que atuam no Brasil.
Como se diz no ditado, o buraco é mais embaixo. A partir dos anos 1990, a FIFA instituiu as chamadas Datas-FIFA, reservadas para jogos da seleções nacionais. O objetivo era acabar com os conflitos de datas entre jogos de clubes e seleções. Desde então, os principais torneios do planeta bola – incluindo os europeus – param nas tais Datas-FIFA, abrindo ala para que seus craques joguem por seus países. A principal exceção é o … Campeonato Brasileiro!
Não é de hoje que o Brasileirão adota o lema de que “o show não pode parar” mesmo quando a Seleção joga. A questão é que, até o fim da gestão de Dunga no selecionado nacional, pouquíssimos jogadores que atuavam em clubes brasileiros eram convocados. Porém, desde que Mano Menezes assumiu, esse panorama vem se modificando. Com o fortalecimento da economia dos clubes brasileiros, muitos jovens talentosos permanecem por mais tempo no Brasil, ao invés de irem para clubes médios da Europa, como acontecia frequentemente até meados dos anos 2000.
E mais: até mesmo jogadores sul-americanos estão sendo atraídos para jogar no Brasil. Como resultado, as 29ª, 30ª e 31ª rodadas do Brasileirão foram – e serão – desfalcadas de 23 jogadores. Além dos nove já citados na Seleção Brasileira, outros 14 sul-americanos foram servir os seus países nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014.
Neymar fica fora de 19 jogos e dirigente dá condição para mudança: "Só se mudar o eixo do sol!"
O caso mais dramático é o do Santos. Dono de Neymar, a principal esperança do futebol brasileiro, o Peixe é um time com seu craque e outro sem ele. Quando Neymar está em campo, o aproveitamento do Alvinegro praiano chega a 71,8%, superior ao do líder Fluminense. Mas quando ele não joga, cai para 24,5%, inferior ao do lanterna Atlético-GO. Apesar de quase nunca se contundir, Neymar deve chegar à incrível marca de 19 jogos fora do Santos.
A óbvia desvalorização que essa aberração promove no Brasileirão não parece ter sensibilizado os dirigentes dos clubes, que ainda não se organizaram para contestar a organização do calendário do futebol brasileiro, responsabilidade da CBF. Para o ano que vem, já está programada uma modificação numa das principais competições nacionais: a Copa do Brasil passará a durar de março a novembro, em vez de apenas ser disputada durante o primeiro semestre. Perguntado sobre a possibilidade de respeitar as Datas-FIFA, o diretor do departamento técnico da CBF, Virgílio Elíseo, soltou a seguinte pérola: “Só se mudar o eixo do sol!”.
Enquanto o eixo solar segue o mesmo, a CBF organiza, em conjunto com a AFA – sua congênere argentina –, a disputa do Superclássico das Américas, torneio entre Brasil e Argentina apenas com jogadores que atuam nos dois países. Na data marcada (3 de outubro último, uma quarta-feira) para a partida de volta da edição de 2012 do torneio, em Resistencia, no norte argentino, houve um apagão que impediu que o jogo acontecesse. Não era uma Data-FIFA. Não havia rodada do Brasileirão marcada.
 

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