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domingo, 14 de outubro de 2012

Vigilância excessiva do STJD escancara incoerências e suja imagem do Brasileirão


Jogadores talentosos, grandes lances, fortes rivalidades e coração a mil. Tudo isso faz do Campeonato Brasileiro um enorme atrativo aos amantes do bom futebol. Polêmicas envolvendo arbitragem, bate-boca no gramado e certa dose de provocações, ainda que não sejam as condutas mais exemplares, também são e sempre foram parte de toda a brincadeira. Porém, em meio aos componentes tradicionais, uma entidade do nosso esporte vem roubando a cena de forma frequente e abalando a imagem da principal competição do futebol nacional.
Em todo momento, a notícia de novas punições aplicadas pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a jogadores, técnicos e árbitros toma conta dos noticiários esportivos. Muitas são facilmente contestáveis se comparadas a tantos outros casos que ocorrem no dia a dia e terminam sem qualquer penalidade. Quando tais medidas, além de contraditórias, começam a influenciar o rumo das competições – o Brasileirão vive um de seus momentos mais delicados - o público passa a questionar a independência dos “guardiões” da justiça dos gramados.  
Caso Ronaldinho evidencia gravidade dos problemas
O caso que escancarou as suspeitas foi o que envolveu Ronaldinho Gaucho, punido por um jogo de suspensão por causa de uma agressão ao atacante Kléber, do Grêmio, em partida válida pela 26ª rodada do Brasileirão. Na ocasião, o jogador do Galo ergueu demais a perna direita e acertou o adversário, num lance que não mereceu sequer um cartão amarelo na visão do árbitro Heber Roberto Lopes. Se a decisão foi correta ou não, fato é que não resultou em nada mais do que uma leve reclamação dos gremistas, que logo esqueceram o caso e se concentraram na disputa, que terminou empatada em 0 a 0.
Muitas penas já vinham sendo aplicadas anteriormente e haviam levado torcedores e atletas à fúria. No entanto, o caso de R49 foi marcante. Dias depois da partida, a procuradoria do STJD anunciou o enquadramento por agressão física e, na última terça-feira (9), véspera do confronto entre Internacional e Atlético-MG, o atacante foi julgado e punido. O árbitro do jogo também foi indiciado por omissão, mas acabou absolvido, deixando uma suspeita no ar. Ora, se o lance foi tão absurdo a ponto de levar um atleta à suspensão, como a falta de iniciativa do juiz passou em branco pelas cadeiras do tribunal? De fora de uma partida decisiva em que o Galo acabou derrotado pelos gaúchos, ficando a nove pontos de distância do líder Fluminense na tabela, Ronaldinho nada pôde fazer para ajudar sua equipe.
Quando a interferência do STJD parecia ter extrapolado os limites aceitáveis da vigilância excessiva, eis que surge um novo fato para apimentar ainda mais a história: o auditor responsável pela punição de R49, Jonas Lopes de Carvalho, foi flagrado em seu Facebook fazendo alusões provocativas ao mesmo jogador, além de se dizer flamenguista. O caso deixou claro para muita gente que o relator guardava mágoas do ex-camisa 10 do Rubro-Negro carioca, o que poderia ter influenciado na decisão de puni-lo. Não cabe responsabilizar todo o incidente pela derrota do Galo para o Colorado, mas o conjunto de fatores que se acumulam em torno de um mesmo acontecimento é mais do que suficiente para abalar já desgastada imagem do tribunal em questão.
Contradições que vem de longa data
Não é de hoje que o STJD ganha destaque na imprensa após uma série de polêmicas. Em 2005, no ápice da interferência do tribunal numa competição, 11 partidas do Campeonato Brasileiro chegaram a ser anuladas, após acusações envolvendo o árbitro Edílson Pereira de Carvalho, no episódio conhecido como "Máfia do Apito". Segundo apontaram as investigações, ele manipulava resultados para beneficiar empresários de sites de apostas, mas não houve comprovação de irregularidades em todos os jogos. O então presidente do tribunal, Luiz Zveiter, responsável pelos cancelamentos, acabou destituído do cargo. Desde então, o órgão vem sendo visto com olhares tortos por inúmeros torcedores do mais diversos clubes.
Em 2012, além do caso Ronaldinho, outros jogadores foram alvos de decisões superiores decretadas fora dos gramados. Ao comemorar um gol pelo Figueirense, em partida contra o Flamengo, o uruguaio Loco Abreu beijou o escudo do Botafogo, seu ex-clube, estampado numa camisa que vestia por dentro do uniforme do time catarinense. A atitude, posteriormente, foi interpretada como hostil e rendeu ao centroavanete um jogo de suspensão. Adryan, do Flamengo, Emerson Sheik, do Corinthians e Luis Felipe Scolari, ex-técnico do Palmeiras, são outros exemplos de envolvidos em lances polêmicos que terminaram em penas contestáveis.
Até onde vai o STJD? É o que se pergunta o torcedor comum, o admirador do bom futebol. Aquele que espera, sim, que punições sejam impostas em casos extremos. Mas que não quer, de forma alguma, a presença de um campeonato paralelo, onde auditores determinam de maneiras obscuras o rumo da competição mais prestigiada do país.
 

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